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A importância do ESG e da governança corporativa na recuperação judicial

Mecanismo jurídico que tem como objetivo viabilizar a superação de uma crise financeira, a recuperação judicial desponta como recurso estratégico cada vez mais usado por empresas para reestruturar suas dívidas e retomar as operações de forma sustentável.

Nesse processo, os princípios de ESG (Environmental, Social, Governance) e a governança corporativa se consolidam como pilares fundamentais — não apenas para assegurar a continuidade dos negócios, mas também para fortalecer a confiança do mercado e atender às crescentes demandas dos stakeholders.

Mais do que uma medida emergencial, a recuperação judicial exige visão estratégica e compromisso com práticas éticas e sustentáveis. Empresas que integram ESG e governança à sua jornada de reestruturação têm mais chances de conquistar legitimidade, competitividade e resiliência a longo prazo.

No artigo de hoje, a MGC Capital joga luz sobre a importância dessas práticas para uma recuperação judicial bem sucedida.

Governança corporativa: a chave para a confiança

Ao atuar para minimizar conflitos de interesses entre as partes interessadas, a governança exerce contribuição essencial no enfrentamento de crises e na condução de processos de recuperação de empresas. Seu principal valor está na capacidade de alinhar interesses, mitigar conflitos e restabelecer a confiança entre credores, acionistas, gestores e demais partes interessadas.

Durante as negociações, a falta de confiança costuma ser o principal obstáculo à aprovação de um plano de recuperação viável. Nesse cenário, práticas de governança como transparência, prestação de contas, equidade e responsabilidade corporativa não apenas aumentam a previsibilidade das decisões, mas também agregam legitimidade ao processo.

A própria Lei de Recuperação e Falência incorporou elementos de governança ao atribuir maior protagonismo aos credores, por meio de mecanismos como a classificação de créditos e a Assembleia Geral de Credores. Essas inovações estimulam um ambiente de deliberação mais equilibrado e transparente.

ESG: sustentabilidade como diferencial estratégico

Os critérios ESG vêm ganhando espaço como indicadores de desempenho não-financeiros que impactam diretamente o valor e a reputação das empresas. Incorporá-los à recuperação judicial é mais do que um diferencial competitivo — é um passo essencial para restaurar a credibilidade e garantir uma reestruturação sólida.

Ambiental (Environmental)

Empresas em recuperação judicial frequentemente enfrentam escrutínio sobre suas práticas ambientais. Adotar medidas para reduzir impactos, como a gestão eficiente de resíduos ou a transição para fontes de energia renováveis, pode melhorar a imagem da empresa e atrair investidores preocupados com sustentabilidade. Além disso, estar em conformidade com regulamentações ambientais evita multas e sanções que poderiam agravar a situação financeira.

Social (Social)

O componente social do ESG foca nas relações com colaboradores, comunidades e outros stakeholders. Durante a recuperação, manter um diálogo transparente com os funcionários, preservar empregos e apoiar comunidades locais pode fortalecer a confiança na empresa. Mostrar compromisso com a responsabilidade social também ajuda a recuperar a credibilidade perante o mercado e os consumidores.

Governança (Governance)

A governança corporativa é o coração do ESG e desempenha um papel crítico na recuperação judicial. Práticas sólidas de governança, como transparência nas decisões, compliance e gestão de riscos, são essenciais para reconquistar a confiança de credores e investidores. Uma governança bem estruturada também assegura que os recursos sejam utilizados de forma eficiente e que os planos de recuperação sejam cumpridos rigorosamente.

Elementos essenciais da governança durante a recuperação judicial

A governança corporativa vai além do ESG, funcionando como o alicerce para qualquer processo de recuperação judicial.

Traduzida nos princípios da transparência, isonomia, prestação de contas e responsabilidade corporativa, a ética empresarial assume papel fundamental para restaurar a confiança da empresa em recuperação, além de ajudar na aprovação do plano de recuperação.

Empresas que enfrentam crises financeiras frequentemente apresentam falhas de governança, como falta de controles internos, decisões precipitadas ou falta de planejamento estratégico.

Corrigir essas deficiências é parte vital do processo de reestruturação. Algumas medidas imprescindíveis incluem:

  • Transparência e accountability: comunicação clara e frequente com credores, funcionários e investidores sobre os passos da recuperação.
  • Atuação ativa do conselho de administração: conselhos independentes e experientes podem auxiliar na tomada de decisões estratégicas, oferecendo um olhar externo crítico e técnico.
  • Gestão de riscos integrada: identificação e mitigação de riscos financeiros, operacionais e reputacionais, com foco na prevenção de novas crises.

Uma governança robusta não apenas facilita a negociação com credores, mas também sinaliza ao mercado que a empresa está comprometida com sua reestruturação e com a criação de valor sustentável.

Benefícios da integração entre ESG e governança na recuperação judicial

A sinergia entre práticas ESG e uma governança robusta proporciona múltiplas vantagens durante e após a recuperação judicial. Entre os principais benefícios, destacam-se:

  • Reconstrução da confiança: aumenta a credibilidade junto a credores, investidores, fornecedores e clientes.
  • Atração de investimentos: empresas alinhadas a boas práticas de gestão e sustentabilidade são mais atraentes para fundos e investidores institucionais.
  • Fortalecimento da reputação: em tempos de crise, reputação é um ativo decisivo. Práticas ESG demonstram comprometimento com valores sociais e ambientais relevantes para o mercado.
  • Ajuste à nova realidade de mercado: consumidores e investidores estão cada vez mais atentos às responsabilidades socioambientais das organizações. Alinhamento alinhado a essa expectativa é fator de sobrevivência.

Por fim, vale lembrar que integrar ESG e governança corporativa na recuperação judicial traz benefícios que vão além da resolução da crise imediata. Empresas que adotam essas práticas tendem a emergir mais fortes, com reputação renovada e maior capacidade de atrair investimentos.

Além disso, elas se tornam mais resilientes a futuras crises, pois estão preparadas para lidar com questões ambientais, sociais e de gestão de forma proativa.

 

Sobre a MGC Capital

MGC Capital foi criada com o propósito de auxiliar corporações a sobreviverem e se reequilibrarem em um contexto de desafios econômicos.

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